Mulher de paixões, Cuca Roseta esteve no Zmar para participar no Retiro de Ashtanga Yoga. Depois de uma semana de conexão com a Natureza, a Fadista guardou um momento para nos falar das emoções que e viveu e cantou para o seu Paramaguru Sharath Jois.
Fadista, compositora, blogger, mãe, mulher… Quem é a Cuca Roseta?
Acho que vamos projectando uma ideia de quem somos ao longo da vida. Vamos à descoberta daquilo que sentimos. A minha vida foi muito interessante nesse sentido porque foi tudo uma descoberta, o fado foi uma descoberta. Na minha Família não havia ninguém que ouvisse fado, não nasci num bairro típico de Lisboa mas ainda assim a vida começou a puxar-me para ali. Sempre gostei muito da cultura portuguesa, sempre fui muito patriota. E assim, sem querer apaixonei-me pelo fado. Para mim esse é o maior mote para vida, é nos não termos medo de ser nós mesmos, porque quando somos nós mesmo descobrimos coisas incríveis!
É no Taekwondo – onde é cinturão negro – que encontra o equilíbrio com o seu corpo e espírito. Qual é o papel do Yoga na sua vida?
Curiosamente, acho que o Yoga apareceu na minha vida quando era pequenina. Sinto que já praticava Yoga sem saber o que sequer o que era. A que a dada altura decidi experimentar algumas aulas de yoga, e por influência da minha irmã comecei a fazer Ashtanga, uma corrente aparente mais física, mais violenta, mas que na verdade é muito para lá disso… é um encontro espiritual e individual connosco mesmos, com o nosso silêncio, os nossos fantasmas, os nossos maiores segredos e respostas.
Quando estou em silêncio, tenho a sorte de conseguir estar constantemente a criar. Gosto de estar sozinha. E o Yoga é mais um lugar onde eu posso ser eu, um lugar onde posso olhar para o meu espelho e aprender a lidar comigo, conhecer-me a mim própria. Quando percebi isso, comecei a assumi o yoga como algo imprescindível na minha vida e comecei a faze-lo todas as manhãs. Quando fazemos yoga algumas vezes por semana gostamos e faz-nos sentir bem, mas quando fazemos todos os dias a nossa vida muda. E eu não queria mais ter a vida agitada que tinha antes do yoga. A minha vida é extremamente stressante, todos os dias mudo de cidade, sou mãe, e antes do ioga acho que fazia o impossível. O ioga foi um ponto de viragem, trouxe-me equilíbrio.
A Cuca protagonizou um dos momentos mais bonitos a que assistimos no nosso Zmar. Um concerto intimista dedicado a Sharath Jois. Como foi a sua experiência neste Retiro?
Toda experiência em si foi fantástica! Ao fim de três de prática, estar neste retiro foi muito marcante para mim, foi a primeira vez que estive com o Sharath. Qualquer pessoa que faz yoga deseja um dia conhecer o seu guru, mas sinceramente pensei que ainda faltasse muito tempo para poder estar com ele. Ainda estou a sentir todas as coisas, mas foi sem dúvida uma experiência muito importante, ao nível o yoga e de todas as outras coisas que aprendi e senti. Principalmente agora, que acabei de fazer uma tournée gigante… Estes foram os primeiros dias em que pude parar e respirar.
Nunca pensei poder cantar para o Sharath! Senti-me super feliz e honrada, mas ao mesmo tempo cheia de medo. Não sabia bem como lidar com facto de ter uma pessoa que eu respeito tanto a ouvir-me cantar. Mas foi sem dúvida um momento que nunca vou esquecer! O facto de ter cantado nesta tenda onde estivemos dias e dias a fazer yoga com mais de 200 pessoas, fez-me sentir uma paz sem fim… este lugar parecia um templo. E depois, a forma como as pessoas me receberam e me ouviram… as pessoas estavam realmente inteiras para ouvir o Fado. Foi uma verdadeira partilha de emoções. Completamente diferente de todos os concertos que fiz este Verão. Aqui foi o outro lado, mais intimista, mais profundo. São poucos os concertos que nos marcam desta forma. Levo um bocadinho deste momento no meu coração!
Leva consigo um bocadinho do nosso Zmar?
O Alentejo traz-me sempre muita inspiração, gosto muito deste lugar. Temos um país muito rico, mas não há nada igual ao Alentejo. E para alguém se encontrar consigo mesmo, este sem dúvida que é o lugar perfeito!
Obrigado Cuca pela visita e pela paz que trouxe ao nosso Zmar 🙏